Me perco em cada confusão desses passos embaralhados, bêbados de passado e mensagens apagadas, com ressaca de todas aquelas cartas. A cada passo que eu dou, engulo o choro que é pra não me arrepender. Eu ando com você entalada na garganta, sem saber se te deixo ir ou se te guardo fundo, bem fundo. Tento não culpar ninguém pelos erros, pelas palavras jogadas, pelo cheiro do seu perfume no travesseiro. Tento acreditar que tudo que aconteceu foi só um acaso, um vento que bateu errado, que nos derrubou de um penhasco sem fim. Sem desculpas, eu sei dos meus casos, das minhas impaciências, dos meus defeitos gigantescos que tanto nos afetavam. Só não sei como te explicar, sabe, meu bem. Não sei como dizer.
Não sei como ser o amor da sua vida sendo quem eu sou.
Queria ser, só por alguns segundos, quem você mais desejou. Queria perder o medo. Perder tudo que te machuque, que nos afaste. Queria tanto, mas querer tanto só me faz chorar. Te vejo perdida, me segurando entre os braços, rezando para que eu não me vá. Eu ando sempre indo e vindo, menina, não pense que não.
Você não sabe como eu sinto tanto.
A sua falta.
Nem sabe como o cobertor é frio agora.
Eu tropeço no nosso amor e engulo o ar várias vezes. Eu não o que fazer comigo, nem sei como te deixar ir embora. Eu faço estrelinhas coloridas e coloco seu nome entre elas. É que para se ver o que brilha, a gente pede algumas doses de escuridão. Eu colocava a mão na sua perna, mordia sua boca com medo de te machucar. Te esperava no trabalho, ouvia suas confissões. Eu lia seus diários, suas anotações sobre... mim. Não me lembro a última vez que eu fui eu, você foi você. Só me lembro de nós.
Só lembro de tudo que eu tento esquecer.
Das escovas de dente juntas na gaveta.
Das camisetas amassadas que você me pedia para dormir.
Do seu abraço quente nas madrugadas frias.
E do seu abraço frio nas madrugadas quentes.
Tudo cabia perfeitamente em mim.
E foi mesmo assim. Que eu me perdi, que eu soltei da sua mão. Ainda não sei. Não sei quase nada. Não sei o que é estar sem você. A única parte ruim é a manhã. Até a noite. Depois fica tudo bem.
A gente fica bem, não fica?
Fica?
do começo do começo até o final sem final.
ResponderEliminarficamos. <3