segunda-feira, 20 de maio de 2013

Porque eu sou um babaca.



"Por que você faz isso?" me perguntava perplexa enquanto juntava
as coisas numa mochila velha.
Confesso que mais uma vez veio a boca uma desculpa esfarrapada,
que lhe encheria os ouvidos por uma serie de minutos até que
terminasse em uma piada sem graça, mas dessa vez eu não consegui.
Então esquivei o olhar e tamborilei na estante uma música velha
que você gostava de dançar.

"Porque eu sou um babaca"

Enquanto despejava o vocabulário novo e bobo que aprendeu pra me magoar,
eu pensava no dia que a conheci, num desses botecos que a gente vai pra esquecer o nome,
respondendo minhas cantadas baratas com a cara fechada, num mau humor excepcional.
Pensando assim, nunca entendi porque a gente se ligou, nunca fez sentido, nunca teve porque,
e a cada choro abafado debaixo do travesseiro que eu ouvia de madrugada tinha mais certeza
que nunca ia ter.
Como se fosse a primeira vez que você me largava. Você sempre volta, sempre
volta porque eu insisto em tropeçar pelo seu caminho com a minha vida torta e minha falta de perspectivas.
Por querer, sem querer, isso pouco importa, você sempre acaba
de volta a essa droga de apartamento repetindo no meu ouvido:

"Você é minha pessoa,
se eu for morrer de amor, é por você.
Se eu for morrer de ódio, é por você também."

Agora você está quebrando a minha sala, enquanto eu continuo sendo um babaca.
Mas eu nunca pedi pra ser a pessoa de ninguém.
Nunca.

Sem comentários:

Enviar um comentário