sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

pelo menos o inferno é quente.

"Não vem me cobrar respostas uma vez que não responde minhas perguntas"


Esbravejou cuspindo e saiu pisando duro, abaixou o porta-retrato com a nossa foto
e bateu a porta atrás de si.

"Eu não te aguento mais".
Era o que eu queria responder. Seco assim, como tem que ser.

Eu não te aguento mais e não aguento mais esse inferno mútuo que criamos pra viver.
Eu não aguento mais essa relação de bosta que a gente se meteu por medo de ficarmos sozinhos.
Eu não aguento mais você olhar no fundo dos meus olhos e mentir que tudo vai melhorar, quando sabemos que não vai.


Nossa história de merda já deu.


Eu não te escolhi, tampouco você me escolheu.
E se a gente continua se afundando nessa lama é porque se acostumou com a inércia de ser infeliz.
Nascidos pra se conformar e se adequar.
Se a gente fosse prum chiqueiro reclamava nos dois primeiros dias, no terceiro já tava vivendo feito porco.

Eu me acostumei com essa vida tempestuosa, de copos atirados e corpos entrelaçados logo depois.
Mentiras juradas e juras mentidas.
A infelicidade nos abraça tão calorosamente que a gente é quase feliz.
E é por isso que cada vez que minha cabeça reverbera "eu não aguento" eu sei que é só outra desculpa pra continuar nessa cama esperando você abrir a porta, levantar o porta retrato e vir se amar comigo.


É por isso, meu bem, que não respondo suas perguntas e não me interessam suas respostas.
Nosso equilíbrio tá nesse desespero silencioso das meias verdades por noites inteiras.
Infelizes para sempre. Pelo menos o inferno é quente.

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